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Os três Es da Administração na Administração

São várias as definições existentes sobre os termos eficiência, eficácia e efetividade, sendo que algumas são até conflitantes entre si.

Autor: Pedro PapastawridisFonte: Administradores.comTags: empresariais

Um dos primeiros temas com os quais estudantes mantêm contato num curso de Administração e profissionais vivenciam na condução de um negócio, certamente, são os três Es (eficiência, eficácia e efetividade). Mas afinal, o que são esses três Es e o que representam?

São várias as definições existentes sobre os termos eficiência, eficácia e efetividade, sendo que algumas são até conflitantes entre si. Contudo, é possível chegar a um meio termo que traga maior nitidez ao que venha a ser cada um desses termos:

1.  Eficiência → trata-se de fazer as coisas da maneira certa, mais adequada. Quando pensamos nessa palavra, logo surge uma expressão muito aplicada em Administração da Produção e Pesquisa Operacional: otimização de resultados.

2.  Eficácia → refere-se a fazer a coisa certa, ou seja, é o grau de alcance de um determinado objetivo.

3.  Efetividade → recorrente em tópicos de Estratégia Empresarial, esse termo se refere aos benefícios advindos à organização das ações certas feitas da maneira certa, resultando em ganho de competitividade de uma organização em face de seus concorrentes.

E quanto à Administração Pública? Cabe a aplicação dos termos supracitados? Sim. Aliás, a Administração Pública, na medida em que é o aparelho exteriorizador da vontade estatal, não deve ignorar os pressupostos de eficiência, eficácia e efetividade em sua tomada de decisões. Não esqueçamos que o Estado é o resultado de um “contrato social”, segundo o qual o indivíduo abdica de parte de sua liberdade em troca de segurança e bem-estar. Para tanto, pagamos tributos com o propósito de o Estado viabilizar o interesse público por meio da regulação das atividades sob o seu território e pela justiça distributiva (provimento equitativo de educação, saúde, segurança, etc.).

Para facilitar o entendimento dos conceitos tratados até aqui, consideremos um caso concreto na Administração Pública.

O estado do Rio de Janeiro é considerado um dos estados brasileiros mais desenvolvidos economicamente. Porém, quando analisamos a distribuição dessa riqueza de maneira mais pormenorizada, notamos discrepâncias entre regiões do estado, entre municípios limítrofes e, até mesmo, entre regiões de um determinado município, tal como ocorre na capital fluminense entre Barra da Tijuca e Zona Sul e o subúrbio carioca.

A questão se agrava quando levamos em conta a elevada carga tributária do estado, aliada à má prestação de diversos serviços públicos essenciais, como transporte público, fornecimento de água e energia elétrica, embora esses serviços estejam sob a execução de concessionários. Em vista disso, a indústria local vê a sua capacidade de investimento comprometida pela carga tributária imposta, que também reduz o poder de compra e a capacidade de poupança da população.

Para completar, a educação no estado do Rio de Janeiro, fator de desenvolvimento sustentável, encontra-se desvalorizada em face de setores que apresentam gastos crescentes e resultados decrescentes, como a segurança pública.

Atualmente, os professores da rede estadual e da rede municipal daquela que será a cidade que sediará a final da próxima Copa do Mundo e as próximas Olimpíadas ganham menos que um policial civil. Além disso, faltam recursos para que professores possam cumprir com a sua nobre missão de formar cidadãos e profissionais qualificados para conduzirem o estado e, por conseguinte, o país ao tão almejado espetáculo do crescimento. Enquanto isso, as polícias civil e militar dispõem de recursos avançados. No entanto, o que vemos é agentes públicos da área de segurança agirem com truculência em relação a cidadãos que exercem o seu direito de se manifestar de forma pacífica, ao passo que demonstram certa apatia no combate ao tráfico de drogas, sobretudo o crack, a ponto de existirem cracolândias em localidades sob intenso policiamento, como a estação de trens Central do Brasil, Madureira e trechos da Avenida Brasil.

À luz do exposto, conclui-se que o ente estatal em questão carece de eficiência, eficácia e efetividade: falta eficiência, pois se gasta muito com segurança pública e se produz pouco. Quanto à eficácia, a sensação de insegurança só aumenta, assim como a especulação imobiliária, devido à euforia trazida pelas Unidades de Polícia Pacificadora para compradores e vendedores de imóveis nas regiões “pacificadas”. Tal fato fica evidente na evolução do preço do metro quadrado de um imóvel nos últimos três anos em áreas como Botafogo, Centro e Grande Tijuca. Por sua vez, a falta de valorização das carreiras ligadas à educação, consubstanciada com a escassez de profissionais e recursos em muitas escolas públicas, afetam a efetividade estatal em prover as bases de um desenvolvimento econômico sustentável, capaz de perdurar após o exaurimento das reservas de petróleo, que é uma das principais indústrias locais e a que mais investe no estado.

Portanto, que os conceitos discutidos e o caso prático sirvam como subsídio para a aprendizagem de nossos futuros administradores e para o aperfeiçoamento dos profissionais ligados à gestão de negócios, além de proporcionarem um exercício de reflexão para sociedade, empresas e governos sobre a eficiência, eficácia e efetividade de políticas públicas vigentes. Afinal de contas, o que nos diferencia dos demais seres vivos é a nossa capacidade de pensar acerca de nossa existência e intervir sobre ela, individualmente ou socialmente, valendo-se da razão ao invés da violência, que é instintiva aos demais animais.

Um forte abraço a todos e fiquem com Deus!